domingo, 31 de janeiro de 2010

Alimentação e Cartomancia: o Jejum

Lendo os comentários sobre o artigo de Dagomir Marquezi  (aqui e aqui, indicados pelo mesmo Dagomir) sobre as atrocidades feitas com animais, sobretudo feitas com cães (sinceramente, prefiro não reproduzir, por me afetar sobremaneira o assunto), e revendo os conceitos sobre dieta que os artigos propõem, parei para pensar sobre algo que, se não é comum entre os cartomantes, é entre as pessoas religiosas (que podem muito bem ser cartomantes). O jejum.
Apesar de ser diretamente ligado à alimentação, o jejum pode ser extendido à privação momentânea de algo que consideramos agradável. O tempo deve ser, na medida do possível, pré-determinado, e deve haver uma intencionalidade no processo. Deve haver um fim preciso para iniciarmos um jejum com eficiência.


Algumas vezes experienciei o jejum de alimentos como uma forma de ampliar minha visão. No máximo pão e água. Mas não obtive bons resultados, esse não é o meu caminho, o da privação (poderíamos dividir a devoção em três grupos: os que se privam de algo momentâneo por dedicação à algo permanente, os Santos; os que não se contentam com os padrões pré-concebidos e buscam seus próprios referenciais através do conhecimento das possibilidades, os Magos; e aqueles que, entregues à Existência, experienciam em seu corpo as verdades do Espírito, os Bruxos. Cf. Shan: Mestra de muitos Covens, da autoria de J. L. Motta Paes).
Ainda assim acho válido quem se priva de alimentos muito condimentados e/ou carne vermelha para jogar. São alimentos fortes, e exigem do nosso organismo grande esforço e energia para serem devidamente assimilados. energia esta que se concentra nos três primeiros chackras, obstruindo a ascensão da energia para os demais, deixando a leitura por demais "crua", física.
Abdicar da carne para mim é uma opção pessoal, sobre a qual não creio ser objetivo deste blog opinar. Pessoas que eu respeito muito tem opiniões divergentes. Sonia Hirsch, por exemplo, que possui um conhecimento raro e precioso sobre os processos alimentares, se alimenta com carne. E tem boas razões para isso (Postado recentemente no site da autora: segunda feira sem carne). Pessoalmente eu também, mas o menos possível, o necessário para viver bem. Se me percebo comendo muita carne, sei que tem algo errado, um processo não assimilado pela minha personalidade, com o qual devo me deparar.
De qualquer forma, não aconselharia ninguém a jogar cartas em meio a um churrasco! A menos, claro, que seja um carteado, um poker, um truco... ^^
É uma energia de celebração sim, é uma energia de encontro sim, mas não é propício à elevação de aspectos sutis da consciência. Um chá, alguns biscoitinhos (a Márcia Frazão tem receitas ótimas!), mesmo um festim, um jantar, podem ser feitos com o objetivo de lançar mão das artes adivinhatórias; contudo, o cardápio deve ser o mais leve possível, com alimentos cozidos em água pura de fonte, pães integrais, frutos e legumes crus. O leite também é indicado. Sucos, vinho branco e saquê, em pequenas quantidades, já que a alteração da consciência se deverá às cartas, não à embriaguez.
Acredito que devemos ter respeito aos nossos alimentos, sejam quais forem suas fontes, e à função que os mesmos terão em nosso corpo. Da mesma forma, enquanto cartomantes, devemos ter cuidado com a nossa alimentação porque nosso corpo é o veículo que nos permite acessar as energias sutis que permitirão o pleno exercício de nossa Arte. Não é que as cartas mudarão de significado ou "acontecerá algo ruim". Possivelmente, o cansaço físico será maior, e desnecessário dizer, é extremamente desagradável encerrar uma consulta com a sensação de que fomos atropelados por um camelo.
Abraços a todos. 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Gnocchi... E a Cartomancia

Quase que passei batido! 29 de janeiro, ou melhor, dia 29, dia de comer nhoque... ou melhor: Gnocchi!



Conhecido por todos que apreciam a gastronomia italiana, o nhoque é famoso não só por seu sabor e versatilidade. Presença garantida em almoços de domingo, o prato ficou ainda mais popular no Brasil em função das superstições que o cercam.
De acordo com a lenda,num certo 29 de dezembro, na Itália, São Pantaleão bateu a porta de uma casa e pediu comida. A família era bem pobre, mas apesar disso, não se importou em dividir o seu nhoque com o andarilho. Ao recolherem os pratos, descobriram que embaixo de cada um havia bastante dinheiro.  
Há uma tradição, cuja origem é incerta, de se colocar uma nota de R$ 1 ou US$ 1 (ou 1 unidade da moeda do país) sob o prato de gnocchi todo dia 29 do mês, visando dar sorte. No Brasil tal tradição tem seu início bem definido. Foi em 1989 no Restaurante Quattrino de São Paulo, que a proprietária, Mary Nigri, colocou essa dita tradição italiana em prática. Esse costume existe na Argentina, Uruguai, Estados Unidos e em outros locais. Mary tomou conhecimento dessa tradição por uma amiga, cujo genro era ítalo-americano e trouxe o costume, que era comum nas colônias italianas dos EUA. Mary, em viagem à Itália, por todo o país, não localizou nada dessa tradição, talvez já extinta. (Fonte: Wikipédia)
De qualquer forma, manda o ritual que, antes de se deliciar com o prato, colocar uma nota de dinheiro embaixo dele e fazer um pedido. Para garantir o bolso cheio o ano inteiro, a nota deve ser guardada até o próximo dia 29 do mês seguinte. 
Uma das vezes em que fiz esse ritual, que permanecerá para sempre em minha memória, foi junto com minha avó e minha tia-avó. 29 de fevereiro... Só se repetiria em quatro anos!!! Eu não guardei a moeda; dei para um andarilho. Os resultados foram MUITO positivos - neste ano, 2004, passei no Vestibular para História.
Apesar do ritual ser para dinheiro, sempre pensei no mesmo como "recursos" - um conceito muito mais amplo e muito mais abrangente. Quem possui recursos possui muito mais que dinheiro, muito mais que uma moeda de troca; possui a possibilidade de obter o que deseja. Essa diferença fica bem contextualizada quando nos deparamos com a carta 34 do Petit Lenormand - A Matéria, ou os Peixes. De qualquer forma, a própria nomenclatura do prato lembra um certo Arcano Maior...


Bem, fica minha sugestão para uma conversa cartomântica... Uma terrina de Gnocchi della Fortuna, um Marseille (ou um Visconti-Sforza, muito mais contextualizado; fica também a possibilidade de usar o Da Vinci ou o Botticelli, modernos e mais acessíveis...) à postos para uma Cruz Celta ou Mandala Astrológica... Aproveitemos a Lua Cheia desse mês (a grande segunda-feira de todo um ano...) para vermos as próximas 12 luas, ou quantas forem... E comermos bem, enquanto isso.
Abraços a todos.... e bom apetite!



1 caldo de galinha
1 ovo pequeno
Sal
1 colher de sopa de manteiga
400g a 600g de farinha de trigo
1kg de batata

 Cozinhe a batata com o caldo deixando ela firme, passe no espremedor ainda quente, coloque a manteiga, deixe amornar e junte o ovo e o sal. Acrescente a farinha aos poucos até a massa começar a desgrudar da mão. Faça cordões com 2cm de espessura, corte os retângulos a cada 3cm, coloque em água fervendo por 2 minutos.

Pensamento(s)... O Mago





Sabe qual é a pior parte da auto-suficiência?
A ilusão de insuficiência.

Exposição "A Jornada do Louco", em Los Angeles


O Museu de Ofícios e Artes Populares de Los Angeles oferece-nos um presente: a exposição "A jornada do Louco: A história e o simbolismo do Tarot", que durará até nove de maio do corrente ano.
A exposição visa apresentar o Tarot em seu contexto cultural e artístico, tendo como curador o artista plástico e ilustrador Robert M. Place (desse autor, temos editado no Brasil o Tarô dos Santos, e entre seus baralhos temos o Tarot dos Anjos). O curador afirma que "as cartas do tarô não devem ser usados para adivinhação, mas sim como uma ferramenta para explorar o auto-conhecimento que pode ser útil para enfrentar o futuro.
O Museu oferece cópias de 40 imagens de Tarots diversos em dois tamanhos, edição limitada. Todas as gravuras são assinadas e numeradas. A imagem representada é a Temperança, gentilmente cedida pelo curador (imagens do baralho completo aqui).
O Museu abre de terça a sexta, das 12h às 18h.

Tradução livre da matéria de Deborah Netburn, inicialmente para o L.A. Times.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Casamento, relacionamentos... reflexões. E a Cartomancia.


Olá pessoal. Hoje, assistindo o Hoje em Dia, da Rede Record, assisti uma reportagem sobre casamento. Qual é a fórmula para a manutenção do casamento? Como manter um relacionamento durante décadas?
São inúmeros os exemplos de relacionamentos que deram certo. Todavia, maior é o número de relacionamentos que se encerram, e entre estes, grande é o número de relacionamentos que termina de forma trágica. Um exemplo recente é o do mecânico que assassinou a ex mulher dentro do salão de beleza da mesma. Algo absurdo, desumano, mas, por mais difícil que seja compreender o motivo, pelo menos para mim, ainda assim é algo com muitos, mas MUITOS precedentes.
Existem muitas palavras relativas aos relacionamentos que são consideradas sinônimos, mas não o são. “Amor”, “Casamento”, “Relação”, se complementam, mas não são sinônimas. Nem sempre coexistem (Eu demorei tanto para entender que essa música fala de "casamento", não de "amor"...). Um dos problemas que percebo em relação aos relacionamentos é justamente a falta de compreensão da natureza do compromisso, uma preocupação excessiva com o futuro e com a duração do relacionamento, e pouca preocupação com o presente. Paradoxalmente, vejo muitas pessoas reclamando de seus consortes, mas ao mesmo tempo fantasiando com relações longas e duradouras. Em função de uma convenção social – a durabilidade dos relacionamentos tem lá seu glamour – vivenciam uma solidão a dois que a monogamia, que faz parte do contrato, não permite preencher.
Aqui temos mais dois temas que, mais frequentemente que imaginamos, se entremeiam com os relacionamentos. O ciúme e a traição. Na verdade, somos treinados culturalmente a vivenciarmos esses dois temas, pelo menos uma vez na vida, não necessariamente ambos. Se não fosse o ciúme e a traição, não teríamos grandes obras na literatura, na música, na dança, no cinema e na TV. Na verdade, nenhuma novela sobreviveria sem uma relação afetiva, ficaria insossa. (Ou não? Não posso ser limitador em relação à criatividade dos escritores.)
O ciúme é o mais corrosivo de todos os sentimentos partilhados. O rancor, a mágoa, o ressentimento, destroem relações, mas são vivenciados em especial quando não há o compartilhar dos sentimentos a dois. Ou seja, por mais que se culpe o outro, o responsável pelo fim do relacionamento é aquele que nutre tais sentimentos, sem permitir que haja uma reavaliação deste valor. O ciúme, por sua vez, é um sentimento compartilhado. Ele precisa do consentimento do outro, dos motivos do outro, do comportamento do outro para existir. Inclusive, quando não há ciúme de uma das partes, a outra fica com a “pulga atrás da orelha”, achando que há “menos amor”. Algo sem sentido, mas aparentemente somos treinados para pensar assim.
A traição, por sua vez, é uma convenção muito sutil, muito tênue. O que é “trair”? É ter um relacionamento com uma o mais pessoas enquanto compromissado com uma pessoa? E se isso for combinado entre as partes? Permanece sendo traição?
Acredito que traição seja a comparação entre o relacionamento e os ocasionais encontros com pessoas que se mostram interessantes. Quando formos fiéis, não deveríamos ser fiéis ao outro, porque ele pode nos decepcionar, pela sua própria humanidade. Deveríamos ser fiéis aos nossos próprios sentimentos, tendo em vista, e como parâmetro, o compromisso assumido e a palavra empenhada. Por vezes encontramos pessoas que, pela intensidade e pela ocasião, não serão nunca mais vistas. O desejo se mostra forte, a sensação de única (ou última) chance se faz presente. Não há comparação entre esse sentimento volátil e selvagem, com um relacionamento que busca a estabilidade.
Não julgo as decisões tomadas nesse sentido. Mas sempre oriento meus clientes a evitar a culpa – que efetivamente destrói a confiança no outro e no relacionamento – e incito à reflexão responsável, para que o indivíduo se sinta livre em relação ao outro, ao fato e a si mesmo para decidir se deve continuar. Voltando à primeira frase deste parágrafo, cabe a alguém julgar os atos de outra pessoa, fora do tribunal?


No Tarot, temos essa dicotomia nos Amantes. Essa carta, já denominada “Os Enamorados”, “o Casamento”, o “Vício e a Virtude”, é representada, no Tarot de Marselha, como um homem entre duas mulheres: uma lhe aponta o coração, outra lhe aponta o sexo. Sobre os três, um ser alado envolto em raios aponta sua flecha para a mulher que aponta o coração do homem, ainda que seus olhos se voltem para a mulher que lhe aponta o sexo.


No Rider-Waite, sendo iluminado pelo Sol, um Anjo estende suas mãos sobre Eva, que se posta à frente da Árvore do Bem e do Mal, onde a serpente se enrola, e Adão, que se posta em frente à Árvore do Conhecimento.


No Thoth-Crowley-Harris, o Casamento entre a Imperatriz e o Imperador é presidido pelo Eremita. Temos os três amores presentes: Eros, entre os Amantes; Philos, entre as duas crianças que lhes acompanham; e Ágape, na presença do Eremita. Cupido sobrevoa a cena. Ladeando Cupido, Lilith e Eva, a escolha primordial que deu movimento ao mundo.

A literatura sobre a lâmina diz do desenvolvimento de um novo relacionamento, mas também da escolha, por vezes carregada de cunho afetivo e nem sempre fácil. A indecisão propriamente dita. E, por que não?, a escolha entre o compromisso e o affair.



No Baralho Cigano/Petit Lenormand, os relacionamentos estão representados pela carta 25, o Anel ou as Alianças. São as cartas ao redor que nos dirão sobre a natureza desse relacionamento, de trabalho, de amizade ou mesmo afetivos. Uma questão a ser pensada sobre a natureza desse baralho é por que foi eleito o Ás de Paus como representante dessa idéia.


Nas cartas comuns (que passarei a chamar de baralho inglês, que é uma terminologia mais correta frente o desenvolvimento dessas cartas) temos o naipe de Copas como um todo. Como esse baralho possui diversas interpretações, é difícil apontar uma carta numerada para o casamento. Contudo, quando falamos de casamento falamos de pessoas; sendo assim, sugiro atenção ao Rei de Paus e ao Valete de Copas, quando o consulente for uma mulher, e a Rainha de Copas, quando o consulente for um homem.
Na interpretação proposta por Belinda Atkinson para o baralho inglês, o Rei de Paus é Conjunção/ União. Como ela propõe para o naipe de Paus os arquétipos do inconsciente coletivo, de acordo com Carl Gustav Jung. São características que todos nós temos – como a propensão para o encontro.


No baralho francês, de 32 cartas, o Oito de Copas fala sobre o casamento. Hadès (1979) propõe o encontro entre Nove de Paus, Oito de Copas e a carta que representa o (a) consulente como casamento, ou Ás, Rei, Dama, Valete de Copas, ou ainda Ás de Copas, Ás de Paus e Oito de Copas.


No baralho espanhol, de 48 cartas, temos o Ás e o Dois de Ouros, Dois de Copas, o Cinco de Copas e o Nove de Copas; o Três de Copas representa um triângulo amoroso. Mas como é muito recente o meu estudo deste baralho (prometido desde quando iniciei esse blog), e triângulos amorosos dão pano para manga, e existem cartas em outros baralhos que dissertam sobre o tema, deixo esse assunto para um novo momento.
Sendo este um tema que ainda atrai e motiva os consulentes a buscar o conselho das cartas, acho que devemos, como amantes dessa Arte, termos em mente como nos portamos frente aos relacionamentos. Não são nossas experiências que balizam nossa Visão, mas de qualquer forma, são nossos referenciais que norteiam o fluxo da leitura, e devemos estar sempre preparados para ampliar nossos horizontes em relação aos nossos próprios paradigmas.
Um abraço e até o próximo post.
P.S.: Enquanto postava, percebi que outros amigos também falavam a respeito: a Dalva, do Infinito Particular, e as Palavras de Osho. Sincronicidade?


P.S.: Presente da Polly: Café Filosófico, O que podem os afetos? [Link 1] [Link 2] [Link 3] [Link 4] [Link 5] [Link 6] [Link 7] 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Jogo: The House of Tarot


Olá pessoal. Esse post na verdade é um presentinho. Não faço segredo que adoro jogar videogame. Sobretudo os clássicos de 8 e 16 bits (só desses tenho jogos para uma vida inteira... ou duas). Recentemente baixei roms do Game Gear, que eu ainda não possuía, e entre elas veio uma que foi realmente um achado!





O jogo chama-se The House of Tarot  (Tarot no Tachi) e nele você pode escolher entre três cartomantes, e qualquer um deles faz o Jogo Planetário de sete cartas, com um baralho muito bonitinho, inspirado no Rider Waite. O jogo utiliza cartas invertidas.




Essa é a tela de abertura.





 Esse é um dos cartomantes disponíveis. Você aceitaria que ele lesse sua sorte? ^^




Essa é minha cartomante favorita, e este é o jogo planetário, de sete cartas. Em sentido horário, partindo de cima: Saturno (limites), Júpiter (possibilidades), Vênus (apoios e associações), Lua (fatores inconscientes que podem afetar o processo), Mercúrio (as situações que afetam o processo), Marte (a ação efetiva que deve ser feita). Ao centro, Sol (o panorama/o resultado). Repare como corresponde ao esquema da Árvore da Vida, tendo Tiphareth ao centro.

Só tem um "pequeno" problema. O jogo todo é em japonês. Foi lançado pela SEGA unicamente no Japão. ¬¬"


Mas fica a dica! Sobretudo se você souber ler japonês ^^
Links: ROMNation, EmulaBR.  
Observação: para jogar o jogo, é necessário possuir um emulador.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Haikai

Olá pessoal. Embora não seja o estilo literário com o qual mais me identifico, estou me policiando para ler mais poesia. Entre as diversas formas, acabei descobrindo uma muito bacana, o haikai. Acabei escrevendo um. ^^


O haikai é uma pequena poesia com métrica e molde orientais, surgida no século XVI, muito difundida no Japão e vem se espalhando por todo o mundo durante este século. Com fundamento na observação e contemplação enfatizando o sentimento natural e milenar de apreciação da natureza através da arte, sentimento este inerente a todo o ser humano. O mais tradicional poeta deste estilo é Matsuo Basho, monge Zen que aperfeiçoou o estilo e divulgou suas obras no final do século XVII.
As vantagens sobre o estudo e disciplina na escrita e apreciação de haikais são infindáveis. Áreas da vida como percepção, concentração, escrita em geral, comunicação, relacionamentos, intuição, autoconhecimento, meditação, expressão e gosto estético são afetadas e desenvolvidas de forma surpreendente e enigmática por quem entende e participa do haikai.
Esta antiga forma poética permanece hoje revelando a sensibilidade dos poetas na busca da essência da natureza, no íntimo de todas as coisas de forma simples, sutil e artística. Seu pequeno tamanho está relacionado com a busca da unidade de forma compacta, com o foco e com o fato de que é mais fácil transmitir, lembrar e reviver rapidamente as impressões em poemas curtos.



Hoje é segunda-feira
E o primeiro dia
do resto da minha vida.

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Desafio Literário de Janeiro: Romance de Banca


Cumprindo o Desafio Literário proposto pelo Romance Gracinha, em janeiro deveríamos ler um romance de banca. Definitivamente esse não é meu estilo de leitura favorito; mas, Makhtub!, dei muita sorte na minha escolha. Li de uma só vez os cinco capítulos, ansioso pela página seguinte!
Dei uma pesquisada pela Internet e existem outros blos falando desse livro, pela perspectiva do romantismo que naturalmente permeia esse estilo de literatura. Mas, para minha sorte, o que encontrei foi farto material para relacionar com cartomancia, o que foi muito divertido!


A obra trata do encontro de Erin Chandler, 27 anos, funcionária de uma loja New Age, com o elfo Galan da Pedra Rabosa, que havia sido atacado por um elfo decadente, Fellseth. Desse encontro surge uma ligação entre Erin e Galan que norteará a trama, até o confronto final com o inimigo.
Encontrei esse livro por puro acaso. Coincidência. Sincronicidade. Destino. Era só para preencher o requisito do desafio, mas ao fim e ao cabo encontrei justamente uma obra com a qual poderia dialogar sem dificuldades. Leitura fácil, corrida. São só cinco capítulos, divididos em diversos sub capítulos, com aquele clima de "preciso ler até o fim, senão não sossego". De 1 a 5, dou 4,5 - A autora peca pelo chavão temático, mas por outro lado desenvolve bem o tema mostrando que pesquisou para elaborar os personagens. E o que é melhor: ela não utiliza os padrões pré-desenvolvidos de Elfos, criando elfos próprios.
Na mitologia, os Elfos são criaturas nascidas da terra e da água, mas que habitam o ar. Sua natureza é caótica, desde auxiliares dos homens até seus inimigos. Do seu hábito de cavalgar humanos adormecidosm causando inquietação e maus sonhos, vem o termo pesadelo, em inglês (nightmare, ao pé da letra "égua noturna"). 



Na literatura, temos Ariel, o Elfo de A Tempestade, de William Shakespeare (uma das minhas obras favoritas, sem dúvida). Ariel tem papel preponderante na obra, sendo conduzido por Próspero, o protagonista, a causar a tempestade que dá nome à obra. E, claro, Tolkien.
Eu não posso dizer muito dos Elfos de O Senhor dos Anéis, pelo simples fato de não ter lido ainda essa trilogia. Sei que Tolkien desenvolveu inclusive um idioma élfico, com o qual Enya canta um tema do primeiro filme da série. 
Ainda assim, sabendo pouco, como não se extasiar com o combate de Legolas (Orlando Bloom) e o Olifante, no Retorno do Rei, terceiro filme da série?
Nos RPGs (Role Playing Game - Jogo de interpretação dae Papéis), em especial D&D (Dungeons e Dragons), os Elfos são seres baixinhos, de tez delicada e orelhas pontudas, porém grandes guerreiros ligados à magia. Imortais, pelo menos em tese (partem para o Oeste quando atingem determinada idade), enxergam no escuro e acham portas secretas com facilidade. Para quem não joga RPG, um bom referencial pode ser o Hank, líder do grupo de Caverna do Dragão (inspirado diretamente em Dungeons & Dragons).
Procurando na Internet, encontrei um baralho próprio dos Elfos, muito bonito, aliás, com interpretações singulares de cartas como o Enforcado (Arcano XII) e da Torre (Arcano XVI) - o site é em alemão, mas eu tive uma ajudinha de tradutores online ^^. 
Os elfos de Esri Rose são altos, esguios, bem proporcionados, dotados do glamour - um poder que leva os humanos a fazer o que quiserem, quase hipnose. São belíssimos, de uma beleza singular, mas mantém as orelhas pontudas. Os elfos podem gerar prole com os humanos, os meio-elfos. Contudo, a autora não desenvolve esse aspecto com muita precisão.
Além desse aspecto, a ligação entre Galan e erin faz com que este, antes conectado à terra e dela haurindo seu alimento (hei! Espera aí! Isso não é coisa de Gnomo?), passa a haurir forças de Erin, que por sua vez passa a comer muito, até descobrir um ritual de alinhamento dos chackras. Bem fiel o ritual a um oferecido em CD pela revista Bons Fluidos, e também à meditação sugerida por Zerd Ziegler para a compreensão do Arcano XV, o Diabo: sentir a energia da terra emergindo, passando por cada chackra até chegar ao topo da cabeça (fiva aqui também uma indicação do Clube do Tarô, por Valéria Fernandes).
Um texto muito legal, uma abordagem singular, eu realmente não esperava todo o prazer que tive com essa leitura. Recomendadíssimo!
Abraços a todos! E até o próximo post!

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O diário de jogos

Olá pessoal. Depois de um "jejum" de algumas semanas, incluindo a semana do Natal e do Ano Novo - estava produzindo os textos para uma programação da Rádio Tropical de Três Corações - estamos de volta. Com o início do ano da Imperatriz, as frutificações começam e temos que nos adaptarmos a elas. 


Ontem, enquanto buscava uma informação acerca dos Elfos para uma próxima postagem, encontrei um registro de jogo de 2004, do dia 4 de setembro, para ser preciso. Foi um jogo que eu e minha avó fizemos juntos, quando eu passei no vestibular, poucos dias antes de eu sair de casa. Jogamos o baralho comum, que ela me ensinou, mas eu fiz a Cruz Celta, um jogo que ela ainda não conhecia. Juntos interpretamos as lâminas e, acredite, até hoje esse jogo me inspira, tanto a seguir em frente quanto recordações agradáveis.

Lembro-me também, não com certo aperto no coração, de um jogo que fiz para o primeiro semestre de 2006. Um três e um Cinco de Espadas, para os meses de maio e junho, figuraram como uma das maiores lições que tomei na vida. Hoje eu a vejo como necessária, mas naquela época... Ate eu entender a razão, demorou.



Tenho tantos registros de jogos que por vezes me perco entre eles, mas todos são importantes. Não acho essencial registrar todos os jogos feitos, mas há certos jogos que precisam ser lidos e relidos, mais de uma vez, para que seu conteúdo hermético seja revelado. Além disso, outros aspectos das cartas se revelam quando nos permitimos vivenciá-las por um determinado período de tempo.
Alguns Bruxos registram seu jogos em seu Book of Shadows; Magos em seus Grimoires (ou Grimórios); Cartomantes, em seus Caderno de Jogos (caso não tenham um Livro das Sombras ou um Grimório, claro). Eu tenho um diário onde escrevo tudo, para facilitar o acesso. Queria que ele fosse *cute*, como a maior parte das fotografias de livros que vemos,(dá uma olhada nesse aí em cima!), mas decidi que ele seria apenas funcional. Foi uma ótima decisão, que permitiu que eu o usasse tanto tempo. Afinal de contas, esferográfica azul tem em qualquer lugar... Dia desses eu faço um compilado bonitinho.
Sugiro que você, leitor do blog, faça uma experiência. Experimente fazer um jogo longo, para uns seis meses, elaborando previsões. Não se limite nesse ponto. Tente visualizar datas (conheço alguns sitemas: temos o oferecido por Celina Fioravanti em seu Tarô Místico,  o desenvolvido por Monica Buonfiglio em seu Tarô dos Anjos, e o presente nas cartas do Tarô Adivinhatório, da Editora Pensamento. Contudo, por vezes o melhor é se ater a sua intuição do que ao que está na tabela - as sensações do jogo sempre são soberanas a qualquer livro). 


Tente visualizar lugares. Pessoas. Situações. Acontecimentos.

Anote tudo. Tudo o que ver, intuir, sentir, ou mesmo recordar do livro. Tudo é importante nessa hora.
E vivencie o período do jogo. Não costumo reler o jogo com menos de um mês, para não ficar sugestionado. Contudo, essa escolha é sua. Após o período (que eu, particularmente, sugiro que não seja maior que seis meses), faça um exercício de reflexão com o texto escrito por você mesmo. Você consegue identificar os padrões vivenciados com aqueles outrora vistos? O jogo auxiliou sua caminhada de alguma forma? Quão preciso você foi em relação a datas, locais e acontecimentos? O jogo lhe permitiu evitar situações conflituosas ou trabalhar algum aspecto da sua personalidade?
Eu faço esse processo semestralmente desde 2004, e tenho tido ótimos resultados. Não só em relação à reflexão sobre mim mesmo, como também na interpretação de encontros e parcerias entre as cartas.
Até o próximo post.