quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Conversas Cartomânticas: Diannus do Nemi e a Torre.


Olá pessoal. Continuando nossa Blogagem Coletiva - e é fantástico ver até onde chegamos! - temos aqui o texto de Diannus do Nemi. Responsável pelo blog homônimo, Diannus tem uma visão muito precisa dos Arcanos e, em relação ao Arcano Maior XVI, fala com uma leveza que não nos deixa temer, antes de entender. 
Com a palavra, o autor. (Postagem original aqui)

A TORRE E A INCOMPLETUDE HUMANA.

Rider Waite Smith

O ser humano é incompleto por natureza. Ele precisa fazer o fogo, construir uma casa, erguer uma sociedade com suas leis e suas regras, precisa reverenciar um Deus, não consegue viver sem produzir. 
Alguns chamariam isso de evolução, eu chamo de sentimento inerente de incompletude – pois só constrói esse mundo ao seu redor em uma tentativa, válida ou não, de completar-se. Há quem diga que, além de incompleto, também o homem é falho. E particularmente não penso muito diferente. A visão de Paraíso, tal como é contada pelos cristãos, a cada vez ganha mais sentido pra mim: A noção de que o homem vivera em perfeição com a natureza, mas que devido ao seu orgulho caíra em desgraça e desde então tem caminhado rumo a um abismo sem volta também fora contada, de forma interessante, pelos gregos. Para eles, houve a idade do Ouro em que o Tempo governava todas as coisas mas então surgiu a discórdia e o Universo fora então dividido. 

Ancient Italian

Há quem diga que o ser humano evolui ao longo de suas encarnações, há quem diga que tudo é um ciclo cuja caminhada dar-se-á, eternamente, num eterno retorno. Eu começo a pensar em uma terceira possibilidade, a da queda e da descida ainda que sempre tenhamos um corrimão para segurar. Tudo isso por um motivo: não por entender-se como incompleto, mas por sê-lo essencialmente. 
Gay

É nesse sentido que a Torre representa justamente a falha que é inerente ao ser humano. A Torre nos lembra nossa Queda inerente, nos lembra da humildade que é necessária para trilhar a jornada do Louco, e mais do que isso, a consciência de que tudo é perecível, de que todas as construções humanas um dia caem por terra. 

Leia também o que ele escreveu sobre a hybris, aqui.

Um comentário:

  1. Ainda prefiro acreditar que depois da tempestade vem a bonança, mas concordo que tudo tem um fim, mas depois vem novo começo, excelente texto!

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