quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 26. Os Livros de Maria Cristina de Souza.



Olá pessoal. Hoje contamos com a colaboração da Maria Cristina de Souza, uma querida, que tive oportunidade de conhecer na Mystic Fair (falando nisso, a Mystic Rio está chegando!). Com um batepapo gostoso e tranquilo, ela nos apresenta esta que é uma das mais caleidoscópicas cartas do Lenormand.
Não se enganem: Nas páginas em branco, tudo é possível.


Meu Deus  !!!   OS LIVROS  !!!!            

Que Responsabilidade!!! Num primeiro momento pensei: Que Bico!!! Muito fácil!!! Moleza!!! , mas passada a “euforia” inicial, quase tenho uma crise de asma, tamanha minha falta de ar.... Meu Deus!!!Como falar de algo tão precioso ?  Como expressar corretamente a importância  de uma jóia tão valiosa?  Tantos Temas, Tantos gêneros literários....

Ah! Já sei, vou olhar o dicionário para ao menos começar  bonito.

Vejamos, a definição de LIVROS:


A palavra Livro provém do latim liber, um termo relacionado com a cortiça da árvore. Um livro é um conjunto de folhas de papel ou de qualquer outro material semelhante que, uma vez encadernadas, formam um volume.

No Dicionário Houaiss,  livro é uma “coleção de folhas de papel, impressas ou não, cortadas, dobradas e reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura, etc., formando um volume que se recobre com capa resistente”.

No  Wikipédia,  livro é “um volume transportável, composto por páginas encadernadas, contendo texto manuscrito ou impresso e/ou imagens e que forma uma publicação unitária (ou foi concebido como tal) ou a parte principal de um trabalho literário, científico ou outro”. 

O livro é um produto intelectual e, como tal, encerra conhecimento,  e expressões individuais ou coletivas. Mas também é nos dias de hoje um produto de consumo, um bem e sendo assim a parte final de sua produção é realizada por meios industriais (impressão e distribuição). 

A grande maioria diz: conjunto de folhas impressas..... e,  blá, blá blá. 


Estas definições não me agradaram em nada embora estejam corretas, mas devo admitir gostei muito do: Encerra Conhecimento!!!  E, é por ai que vou começar a falar  do mais fiel dos amigos,  colocando seu significado dentro do  Baralho Lenormand, onde é a Carta Número  26  com o nome  "OS LIVROS" ,  EM NEGRITO,  da  forma como o vejo e tentando ser o mais clara,  simples e objetiva possível .  


Quando somos crianças, os Livros didáticos são os primeiros livros  com quem temos contato, e foi num deles que me alfabetizei,  a boa e velha  Cartilha “Caminho Suave”,  e desde então,   Livros são uma constante em minha  vida e estão por toda parte por onde eu circule, estão no meu consultório, na bolsa, no quarto, na sala, na mala, no guarda-roupa, enfim acordo e vou dormir com eles. 

Todo e qualquer Livro  sempre irá contar alguma coisa, mas para que isso ocorra você vai ter que dispor de algum tempo para abrir e ler, pois sem este pequeno gesto,  ficará sendo apenas o tal “ amontoado de folhas  impressas”....

Então, você abriu e leu??? 

Ótimo!!! Isso mostra  que você, investiu um tempo pessoal para adquirir conhecimento e cultura , estudando seu conteúdo e isso pode ser feito em qualquer lugar, não apenas em   ambientes de  ensino.


E, falando em ambientes de ensino   lembrei –me dos tempos de ESCOLA, e da dificuldade para entender algumas  matérias (matemática, física, química, ),  que parecem terem  sido inventadas para nos testar, para  estimular nosso cérebro, colocando à prova nossa capacidade  de raciocinar, exaurindo nossa mente  ao máximo, nos fazendo prestar atenção nos detalhes , exigindo o máximo de concentração para entender e compreender as fórmula e equações. E, tudo só “clareava” um pouco , depois de estudarmos muuuuuuuuuuuuuito! 

Caso esteja estudando com afinco, a mensagem da Carta Livros  é a de que você  será bem sucedido em qualquer tipo  prova ou teste a que se submeter.

Depois de alguns anos escolares,  ingressamos no mercado de TRABALHO,  e somos cercados pelos   Livros Técnicos, cujo tema são sempre relacionados à atividade profissional que executamos ou pretendemos executar. São eles que vão  nos ajudar a cumprir nossa atividade com eficiência. 

Então,  A Carta “Livros”  em questões referentes ao trabalho vão sugerir  que  teremos crescimento pessoal e profissional através de estudos e investimentos,  ou seja: Algo positivo conquistado através do conhecimento.  

A capacitação profissional é pessoal, dependendo da motivação e esforço pessoal, enquanto a formação pode ser adquirida em sala de aula.  Para sermos promovidos é importante além do conteúdo, o comportamento adequado para atingirmos o objetivo desejado. 

Bem, acho que merecemos um tempinho de Relax  e, que tal ler um bom Livro de Suspense ou  Mistério ?

A Carta Livro muitas vezes pode se parecer com esses tipos de Livros, onde nada é o que parece ser. Como por exemplo aquele livro enorme onde após a leitura de 914 páginas de uma história envolvente, cheia de suspeitos , chegamos no final e, Tchan..Tchan. O final é indefinido e é  Você, quem decide quem era o  verdadeiro assassino ou culpado ( como assim???), ou ainda o Livro que que tem uma leitura tão complicada, tão estranha, que você termina e pensa: “Que droga”, não entendi nada... O livro parece falar em grego....

Preste mais atenção ainda, pois neste caso a mensagem da Carta Livros  no Lenormand é que a Mensagem é Secreta ou Oculta.  Há algo que ainda não percebemos.  Eu hein!!! Não suporto este tipo de Livro.... Vou ler outro...

AH!   AMOR E ROMANCE   

Todo mundo quer saber do Amor, dos Relacionamentos, do Ficante, do Namorado, etc... mas a carta do Livro, no quesito Amor, não vai nos dar aquele final feliz  ou vai terminar com o famoso : “...E foram felizes para sempre”.... Calma! Nem tudo está perdido, pois a carta vai apenas nos aconselhar sobre a  necessidade de se conhecer e, investigar  mais e melhor  o parceiro, para que o relacionamento evolua .  

Falando na” necessidade de se conhecer melhor o parceiro”,  quem nunca leu ou ouviu  algo do tipo: Só depois que me separei, fui realmente conhecer a verdadeira “face” da pessoa,  ou leu algo onde se descobre que o homem amado e a família inteira na verdade são  “vampiros”  hehehe...



Existem muito mais tipos de Livros, mas a cada um que você se dedicar, tenha a certeza que você estará aumentando sua Riqueza Interior e Exterior. 

Então, vamos ler, pois  já dizia Confúcio:  “Não há como abrir um livro sem aprender alguma coisa”. 




Maria Cristina de Souza/ Amariacris

Julho/2013 [Nota do editor: Quem diria que estamos desde julho escrevendo e conversando sobre Lenormand!!!]

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 25. Lilian Guedes e o Anel.



Uma das coisas que mais dou valor em uma Blogagem Coletiva é a oportunidade de conhecer novos trabalhos, novos olhares, novas perspectivas e refletir, sobretudo, como tenho levado minha própria prática à luz dos trabalhos de colegas. E o texto da Lilian Guedes vem exatamente nesse sentido. Uma das mais profícuas blogueiras de Cartomancia da atualidade, temos sempre algo novo em seu blog para lermos e apreciarmos. Me divirto muito com seus textos, e recomendo para quem deseja olhar as cartas de uma forma cotidiana. Lilian Guedes é jornalista, taróloga e estudante de Astrologia, e podemos conferir seu trabalho aqui.



Elo Sagrado

“Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.” 
Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes


Uma joia preciosa, pelo menos é como o anel deve ser visto. O significado vai muito além do objeto material. O anel representa as alianças que fazemos na vida, tanto as amorosas quanto as de negócios ou sociedades. É uma jóia que dignifica um trato e deve ser honrada como tal. 
No baralho Lenormand, o Anel é a carta de número 25 e corresponde ao Ás de Paus do baralho comum, que representa a legalização de proposta amorosa ou de negócios. Paus é o naipe da ação apaixonada, uma vez que é o símbolo do elemento fogo. No Tarot, o Ás de Paus é o impulso que nos lança em novos empreendimentos, é a vontade criativa e intensa que precede a conquista de um novo patamar na vida, é o querer que motiva o fazer. É, portanto, um passo dado com prazer. E, ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, o mundo não é movido pelo dinheiro, mas pelo prazer, pelo desejo, pela vontade. Esse é o grande segredo e a magia que coloca encantamento em uma parceria e que a faz lograr êxito.  Na associação do Lenormand com a Astrologia, o anel rege o signo de Touro, governado por Vênus, o planeta do amor, da beleza, da riqueza e das posses. E uma das principais características do signo de Touro é a fidelidade.   
Diante dessas considerações, podemos refletir sobre a importância desse arcano. Ele é o instrumento que chancela acordos, unindo duas pessoas dispostas a seguir juntas em nome do amor que sentem uma pela outra ou em nome de uma sociedade que pressupõe trabalho e frutos compartilhados. O anel é então um símbolo de lealdade.  


Quando sai numa tiragem, temos que observar as cartas ao redor para entender seu significado dentro do contexto. Por exemplo, entre o cigano e a cigana, o anel nos mostra que há um compromisso ali, um relacionamento sério como casamento ou namoro, ou a intenção de estabelecê-lo. Junto à carta do coração, temos o amor devotado, compromissado. Com a carta da âncora, um vínculo de trabalho, uma carteira assinada. Com a carta do cão, um amigo em quem podemos confiar. Com a carta dos ratos porém, um alerta de que tem gente roendo o acordo,  roubando às escusas a harmonia da parceria com o consentimento de uma das partes, o que por si só já configura um motivo para desfazer o trato, uma vez que não podemos mais afirmar que ali há uma relação de respeito e confiança.   
Que saibamos lustrar muito bem o nosso anel interno, porque é dentro que mora a verdadeira joia, feita de metal nobre para ser eterna, mas que dura enquanto for sustentada pela nobreza que a criou. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 24. O Coração, por Prem Mangla.



Dois terços da nossa Blogagem ora completos! Estou muito feliz, e espero que vocês também estejam! E falando em estar feliz, o que te faz feliz, de verdade? É com esse questionamento que Prem Mangla nos guia no estudo da carta 24, o Coração.
Afinal de contas, aonde está o seu tesouro...
Contatos com a autora por email ou em seu blog.

O QUE QUE TE FAZ FELIZ?


Da TV ouço uma musica que me pergunta O QUE TE FAZ FELIZ? E foi então que encontrei o ponto de partida para atender ao pedido do Emanuel J Santos para escrever sobre uma carta do Baralho Cigano, a carta do Coração, numero 24. 
A carta 24 inicialmente fala de amor, de romantismo, de estar apaixonado e principalmente de um coração feliz em todos os aspectos. 


Os poetas e cantadores do mundo inteiro escrevem e cantam sobre o amor, mas de verdade, da pra resumir o amor? O amor que falo não é apenas uma atração sexual, o nome disso e tesão ou apenas alguém que você pode conversar horas e não perceber o tempo passar, o nome disso é amizade (que é uma das formas de amor, mas não o amor romântico); O amor desta carta fala de um sentimento mágico, que mistura tesão , amizade e a alquimia de dois seres que despertam o melhor do outro. É um sentimento que por mais que se tente racionalizar, não se consegue. Apenas os que foram flechados pelo cupido podem descrever o mais puro dos sentimentos. O amor entre dois seres quando despertado não tem razões e nem endereço, às vezes numa troca de olhar entre dois desconhecidos, ele acontece , às vezes entre dois amigos de longa data ele acontece , é como um vento sudoeste que muda a maré de nossas vidas. E neste estado de amor quando estamos com a outra pessoa, o coração borbulha como a melhor e mais cara dos champagne, é um sabor desfrutado por poucos, pelos tantos pré-requisitos exigidos, ele é muito raro, tão raro que não tem receita, porque quem o prescreve nos prepara para ele com as experiências da vida, mas nem sempre estamos prontos para viver essa emoção. Porque com certeza quando o efeito inicial e borbulhante do champagne passa, nossas rotinas passam a ter mais uma missão, dadas por nos mesmos que é: manter, preservar e cultivar nosso objeto de amor, no caso a outra pessoa. E absolutamente não e tarefa fácil, pois alem das duas pessoas envolvidas em lidar com as questões do dia a dia individual e da relação que escolheram preservar e proteger sua intimidade dos intrusos para que não entrem e nem interfiram em sua relação , mas este e um assunto para outro texto. 


Se você já sentiu a champagne borbulhar no seu coração, agradeça aos céus por ter sido um dos escolhidos, e caso não tenha experienciado o lado mais romântico do amor , não se preocupe , continue na busca, mas esteja presente e consciente a cada movimento de sua vida , se observe , perceba o fluxo, ajude o universo a te ajudar, busque o autoconhecimento, embarque no seu interior que quando menos se espera, o amor acontece; Cuide de você, física, mental e espiritualmente , não se apegue as magoas do passado e deixe que as antigas dores se vão, limpe seu coração daquilo que te impeça de ser feliz porque quando estiver pronto e distraído , o tão esperado amor surge refletido nos olhos de outra pessoa  , prepara-se para encontra-lo , para vive-lo e se realizar na plenitude deste amor. 
Enfim, cuide de seu Jardim que as borboletas virão. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 23. Julia Tourinho e os Ratos.


Conheci a Julia no evento Cartas Ciganas (inclusive, pessoal, o deste ano já tem data marcada: aguardemos um brilhante outubro!). Em sua apresentação, falou sobre a oitava carta do Lenormand, o Caixão. As vivências que tivemos ficaram tatuadas em mim. Desde então não perdemos mais contato e desenvolvemos uma forte e sólida amizade. Por isso, reitero: pessoal, façam um esforço para ir aos eventos. Conhecer tête-a-tête as pessoas com as quais dialogamos não tem preço. 
E hoje, no mesmo espírito que norteou a leitura do caixão que ela fez na Mesa Redonda, acompanharemos sua visão e prática com uma das mais complicadas e encardidas cartas do baralho. Ainda bem que estamos bem acompanhados.
Julia Tourinho por ela mesma:
Psicóloga e arteterapeuta. Sou uma eterna estudante e aprendiz, apaixonada por simbologia, mitologia e afins.

A minha escolha por falar sobre a carta do Rato, vem muito por tentar desmistificar as cartas que em um primeiro olhar são vistas como negativas ou ruins, pois creio que nada, nunca, é estritamente ruim. Assim como a carta 8 (caixão) que na maioria das vezes ‘assusta' por estar associada a morte e ruptura. A carta 23, traz o estigma de ser a carta mais negativa do baralho cigano. Assim como aprendi, o Rato na leitura significa: desgaste, perda de energia, de tempo ou de bens materiais. Roubo/furto. Cansaço, apego emocional. Prejuízos.
Nesse presente ensaio, tenho como objetivo amplificar a simbologia do Rato, para que não tenhamos tanto receio quando esta carta sair em nossos jogos. Isso não retirará dela suas características inerentes, nos dando uma amplitude de olhar e maior sabedoria na hora da leitura.


Uma grande diferença do baralho cigano frente a outros oráculos é a sua simbologia. Enquanto alguns têm uma simbologia bem complexa, dando margem a uma vasta rede de possibilidades de interpretação e leitura, as cartas ciganas têm uma simbologia simplificada, bastante clara e objetiva, sendo assim, extremamente efetivas. Não entendam simplificada por menos importante ou vazias, pelo contrário, elas tratam de símbolos universais, que falam diretamente ao indivíduo, podendo ser entendidas por qualquer povo, em qualquer tempo; o que é bem característico do povo cigano e sua personalidade nômade. A carta do baralho cigano sempre diz ao que veio, um observador atento, com um pouco de reflexão, faz a leitura do símbolo. Entretanto aquilo que poderia parecer uma desvantagem para o cartomante, não é, pois essa característica coloca em destaque as habilidades de uma boa leitura: intuição, sabedoria e o desejo constante de adquirir novos conhecimentos e aprendizados.
Sendo assim, reforço a importância de pesquisarmos os símbolos, buscando fontes diferenciadas e ampliando nossos conhecimentos, pois dessa forma nos tornaremos melhores cartomantes. Acreditando na universalidade simbólica, trarei para esse ensaio o significado do Rato no dicionário de símbolos, no xamanismo e na astrologia chinesa, com algumas pitadas de conceitos psicológicos.

Bebendo em outras fontes


Para o dicionário de símbolos (Chavalier, 2006), o rato é esfomeado, prolífico (aquele que se prolifera), e noturno. Está também relacionado a dinheiro e riquezas, principalmente no aspecto da avareza e cupidez (cobiça, ambição, ganância). O rato insaciável é visto como ladrão. 
Em alguns países como Japão, Sibéria e China o Rato é visto em sua interpretação valorizada, sob a tônica da fecundidade, da abundância e prosperidade.
A apresentação mais interessante sobre os Ratos é a ligação com o deus Apolo, na sua polaridade de trazer e curar doenças. "Vê-se que, na simbologia, o mesmo papel destruidor que os ratos possuem pode justificar duas aplicações diferentes: a utilização dessa sua característica para se obter uma vingança, ou a sua eliminação, para propiciar uma benfeitoria." (p.770)


Para as cartas Xamânicas (Sams, 2000), a curiosidade e a minuciosidade do Rato são tanto sua força quanto sua fraqueza, pois é "bom ver as coisas de perto e prestar atenção aos detalhes, mas é nefasto ruminar em excesso até reduzir tudo a pedaços." (p.129) Por vezes se perdendo em detalhes sem importância, obcecados por metodologias, classificando a tudo e a todos. Para o Rato há sempre como aprender mais, cavar mais fundo. 
Autopreservação é sua palavra de ordem (por ser um animal pequeno e ter muitos predadores), tendo um senso de perigo muito aguçado.

"Se a carta do Rato apareceu no seu jogo, isto significa que você precisa escrutinar cada detalhe dos outros e de si mesmo. Preste atenção, pois talvez aquele apetitoso pedaço de queijo que o está atraindo irresistivelmente pode esconder o mecanismo de uma ratoeira que irá esmagá-lo quando você tentar abocanhá-lo, ou talvez o Gato esteja emboscado, esperando para agarrá-lo. Isto pode ser sinal de que alguém a quem você delegou algum tipo de autoridade, [...] não está correspondendo às suas expectativas e poderá trair sua confiança. À mensagem é clara: veja aquilo que está ocorrendo diante dos seus olhos e tome as medidas necessárias para corrigir o que for preciso a tempo." (OP.CIT, p.130)


Para a astrologia chinesa, o Rato é o primeiro ano de todas as eras que seguem a se repetir. Segundo o livro 'Manual do horóscopo chinês' (Lau, 1979), os nascidos sobre esse signo são felizes e sociáveis. O fato de terem inúmeros amigos, pode deixar os outros em desvantagem, já que se portam sempre de forma bastante cândida. Em contra partida, por serem muito exigentes, podem se tornar exageradamente críticos ou rabugentos, descobridores de erros alheios. Com um olho fantástico para minúcias, possuem uma boa memória e são incrivelmente inquisitivos. "No aspecto negativo, o Rato adora bisbilhotar, criticar, comparar, fazer reparos e regatear - geralmente por questões sem importância." (p.35)
O Rato possui uma grande esperteza e um grande amor ao dinheiro. Um trabalhador esforçado e poupador, só será generoso com aqueles a quem ama muito. Apesar de serem sovinas na maior parte do tempo, as pessoas de Rato raramente tem essa característica com seus familiares. Seu maior obstáculo é a ambição exagerada. Costumam fazer coisas demais, cedo demais, dissipando assim suas energias. Aparentes 'bons negócios' são grandes armadilhas. "Compra coisas que realmente não precisa e as pechinchas sempre o atraem. Talvez isso se deva ao seu impulso acumulativo: recordações, lembranças e muito bagulho sentimental serão encontrados nos cantos do seu quarto e do seu coração." (p.35)
"O nativo de Rato guarda bem os seus segredos, mas no que concerne a confidências pode ser um especialista em jogar verde pra colher maduro. Tem poucos escrúpulos quanto a utilizar informações vitais que colheu ou capitalizar os erros alheios. Afinal de contas, com certeza você não espera que ele irá desperdiçar a oportunidade quando esta lhe bater a porta [...] Tem também inclinação para ser o intrometido da vizinhança, embora na maioria das vezes suas intenções sejam boas." (p.34-35)



Duas características fundamentais são a grande capacidade de adaptação e o senso de autopreservação. O Rato se adaptará a qualquer situação, pois é hábil em enfrentar as dificuldades. "Sensato e perspicaz, tem uma intuição aguçada, é previdente e está sempre ocupado em traçar planos [...] A autopreservação está colocada bem no alto da sua lista de prioridades e ele geralmente escolhe o caminho onde as possibilidades de efeitos colaterais sejam menores. Se você quiser sair rapidamente de uma encrenca, siga os passos do Rato. Ele tem um alarme embutido, um aparelho de defesa que raramente falha." (p.35)
Agora que visitamos três fontes diferentes sobre a simbologia do Rato, vamos ampliar um pouco essa temática em relação com a leitura das cartas.


Amplificações



Acredito que a maior contribuição que possa trazer para vocês com esse ensaio, seja o convite para refletirmos sobre a carta 23, além do que habitualmente associamos à ela, pois vejo as cartas ciganas (assim como qualquer oráculo) não apenas no seu sentido divinatório, mas primeiramente e principalmente como grande fonte de autoconhecimento. Meu objetivo aqui é amplificar, ampliar, refletir e trazer a tona os alertas, conselhos e significados que essa carta traz. Irei discorrer sobre algumas possibilidades de leitura e interpretação.
O Rato nos avisa para além das ameaças externas, nos diz também dos hábitos e condutas inadequados. Como por exemplo, pensando o seu papel destruidor – em que sua presença é a praga e a sua retirada é a cura – podemos refletir da seguinte forma: que atitudes destruidoras precisam ser excluídas de nosso cotidiano, em prol de uma melhoria ou transformação? Ou: quais comportamentos temos, que são verdadeiras pragas para nossas vidas?
O Rato também nos avisa da tendência de cavar cada vez mais fundo e roer tudo, levando a desgastes desnecessários. Dessa forma, nos alerta que é preciso perceber a diferença entre a curiosidade saudável e a fixação em detalhes excessivos. 
Nos alerta também para a perda de dinheiro, tanto por um possível furto ou roubo, quanto pela tendência sovina que podemos apresentar. Querendo guardar tudo ‘em baixo do colchão’ podemos estar perdendo a oportunidade de um bom investimento ou, no seu contrario, tentando ‘aproveitar’, podemos cair no erro daquele famoso ditado popular: “O barato que sai caro!”.
Essa tendência acumuladora não se refere apenas a bens materiais, mas também se aplica a emoções e sentimentos. O Rato vem nos chamar a atenção para o quanto podemos estar apegados emocionalmente a uma situação, guardando mágoas, ressentimentos, raivas, ciúmes entre outros sentimentos que nos ‘roem por dentro’ e acabam por nos trazer enormes prejuízos.
O grande senso de autopreservação do Rato pode estar nos alertando não apenas para algum perigo eminente, mas também para a necessidade de aguçarmos nossa intuição e principalmente, nossos instintos!
Às vezes nos dedicamos tanto a uma conquista, que nos esquecemos de checar se ela realmente nos levará a algum lugar (ou se é apenas um esforço vão). A carta 23 vem nos convocar à reflexão e percepção, de se tal feito que nos gera tanto esforço (e um possível cansaço) é apenas um gasto de energia desnecessário, ou se precisamos ter um pouco mais de perseverança e persistência para atingir os objetivos desejados.
O Rato por sua característica noturna, é uma das carta do baralho que melhor personifica os aspectos sombrios de nossa psique, ou seja, aquilo que desconhecemos de nós mesmos. Usarei um trecho da história contida no livro: O rato me contou... : a verdadeira história do horóscopo chinês. (Sellier, 2011) para exemplificar o que estou querendo dizer:

Eu vou contar a história 

dos doze animais do horóscopo chinês. 
Ela é verdadeira, eu sei, 
quem me contou foi o rato, 
que presenciou o fato. 
Eis o que o rato contou...
Um dia, 
no início do mundo, 
tanto tempo faz 
que ninguém se lembra mais, 
o Grande Imperador do Céu 
convidou todos os animais 
a irem visitá-lo sem falta: 
'Venham todos', disse ele, 
'ao topo da montanha de Jade. 
Cheguem antes do sol raiar!'.
'Antes do sol raiar! ', miou bocejando o gato.
'É cedo demais para mim!'
'Pode dormir sossegado', disse o rato,
'que eu te acordo e vamos juntos.'
É bom saber que então 
gato e rato eram amicíssimos.
Mas o maroto do rato
não acordou o amigo gato:
sem barulho saiu sozinho,
em meio às sombras da noite.
Quando ouviu passar o búfalo, 
que seguia com os outros
rumo à montanha de Jade,
entre os chifres do animal de um pulo se instalou.
O búfalo nem reparou, e foi lá que viajou
sem se cansar o ratinho.
'Sou o primeiro de todos', o búfalo se alegrou
ao ver que ia na frente a passo ligeiro.
Mas, quando chegou lá no alto da alta montanha de Jade,
de entre seus chifres saltou, aos pés do Grande Imperador,
de um pulo certeiro o rato:
'Majestade, estou aqui! Sou eu, o rato, o primeiro! '
O Grande Imperador do Céu sorriu:
'Gosto de você, ratinho da madrugada,
pois apesar de miúdo, é esperto e mateiro.
Dou a você o ano primeiro de todos os tempos'.
'Mil vezes obrigado, Majestade', guinchou o rato orgulhoso.
[...] O trono de ouro do Grande Imperador do Céu
pôs-se a brilhar em todo o seu esplendor
e o sol apareceu no firmamento.
Era a primeira manhã do mundo.
A terra começou a girar lentamente,
e os animais entraram todos, um atrás do outro, 
na grande roda celeste:
o rato, o búfalo, o tigre,
a lebre, o dragão, a serpente,
o cavalo, o carneiro, o macaco,
o galo, o cachorro e o porco.
Entraram na roda os doze
e nela continuam girando
até os dias de hoje.
E o gato?
O que aconteceu com ele?
Quando acordou,
viu logo que o rato tinha lhe passado a perna.
Por isso, desde esse dia,
os gatos e os ratos
nunca mais foram amigos.

Quem nunca quis enganar e ganhar o primeiro lugar? Quem nunca o fez? Quem nunca foi esperto e mateiro e agiu em seu favor? O Rato representa, e muito, os nossos aspectos negligenciados, por não serem socialmente aceitos. Aqueles que nos envergonham, que colocamos para baixo do tapete, que não admitimos existir em nós.
Do ponto de vista psicológico, o nosso lado sombrio é o núcleo de tudo aquilo que foi reprimido pela consciência, por ser considerado ‘feio’ ou inferior. A sombra é o centro do nosso inconsciente, abarca aquilo que ignoramos de nós mesmos, que negligenciamos ou nunca desenvolvemos em nós. Tudo que nos é desconhecido. Não é possível ‘controlar' os aspectos sombrios, pois na maioria das vezes, nem temos ideia de que os possuímos, nem sequer a consciência de que projetamos uma sombra. 
A sombra não é diretamente experimentada pela consciência. Sendo inconsciente, é projetada em outros. Quando uma pessoa se sente tremendamente irritada por outra que se manifesta ser realmente egoísta, por exemplo, essa reação é usualmente um sinal de que está sendo projetado um elemento inconsciente da sombra. Naturalmente, a outra pessoa tem que apresentar um ‘gancho' para essa projeção, sendo assim, existe sempre uma mistura entre percepção da característica do outro e projeção de características internas não reconhecidas. (STEIN, 2006)


Dessa forma, proponho que a leitura da carta 23 não seja direcionada a aspectos negativos ‘estritamente’ vindos de fora, mas também a aspectos negligenciados de nós mesmos, que acabam por nos trazer prejuízos. Conteúdos inconscientes que vêm a tona, tanto na figura de outras pessoas, quanto em situações em que nos metemos, ou em hábitos perniciosos para conosco mesmo que precisamos fazer contato. Talvez o que a carta do Rato também ‘aponte’ pistas sobre características destruidoras de nós mesmos que precisamos conhecer, integrar, aceitar e conviver. 


Referências

BUENO, Francisco da Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo: FTD, 1996.
CHEVALIER, Jean. Dicionário de símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
FADIMAN, James. Teorias da personalidade / James Fadiman, Robert Frager. São Paulo: Harbra, 1986.
LAU, Theodora. Manual do horóscopo chinês. São Paulo: Pensamento, 1979.
SAMS, Jamie. Cartas xamânicas: a descoberta do poder através da energia dos animais.  Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
SELLIER, Marie. O rato me contou... : a verdadeira história do horóscopo chinês. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2011.
STEIN, Murray. Jung: o mapa da alma: uma introdução. São Paulo: Cultrix, 2006.

domingo, 5 de janeiro de 2014

RESULTADO: Sorteio de Ano Novo - Esmeralda Lenormand!



Olá pessoal! Nem vou me estender muito, porque sei da ansiedade de todos! Lembrando que só participaram do sorteio aqueles que responderam corretamente à questão proposta, colocando nome e e-mail. Considerei o nome Google apenas se fosse nome, e não apelido. Houveram aqueles que deixaram a resposta e não o e-mail, os que deixaram o e-mail e não o nome... Gente, gente. :P
Me desculpem os que não entraram, mas estava tudo explicadinho na postagem original. Regras são regras. 

Os participantes são:

01. Gilvania Martins
02. Gerson Fachiano
03. Gabriel Ochinsk
04. Soraia Gonzaga
05. Cacau Gonçalves
06. Tamires Lico
07. Lilian Guedes
08. Gabriela Amarello
09. Piter Monteiro
10. Marcia Grim
11. Leni
12. Irene Lima
13. Dalila
14. Virginia Sampaio
15. Elizangela Bertoldo
16. Tatiana
17. Arlete Sadocco
18. Lucia Sindoya
19. Jennifer Sinhorelli
20. Luileny
21. Renata Vasconcelos
22. Rose Ragazzon
23. Daniela Affonso
24. Morgan Mahira

E bora pro sorteio! E o vencedor é:



Jennifer Sinhorelli!!! Parabéns! Entrarei em contato por e-mail para postar o seu presente!!!

Abraços a todos, e aguardem um novo sorteio pra muito breve!!!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Blogagem Coletiva Petit Lenormand: 22. Tato Cunha e os Caminhos.


Olá pessoal. Eu conheci o Tato Cunha em um amigo secreto em um grupo de tarô. Recebi do Tato um jogo e, desde então, construímos uma amizade virtual. Em 2013, na Mystic Fair Rio, tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Essa é a parte boa das boas amizades virtuais - pessoalmente, só se intensificam. 
Tato é um querido, gênio forte, poucas e precisas palavras. E é bom escrever o que ele diz - ele não repete, ele acerta. Fica a dica, consulentes!
Contatos com o autor em seu blog.
Com vocês, Tato Cunha, caminhando conosco pelos Caminhos do Lenormand.
O primeiro texto do ano novo, achei bem interessante, isso.



Caminho sempre nos leva de um lugar para o outro. Esse espaço de transição que, conhecido ou não percorremos em nossas vidas rumo à um objetivo.
Caminhos que se apresentam com pedras, flores, surpresas, pessoas, vivências.



Há em nossa jornada de caminheiros, aquele ou aqueles momentos em que a dúvida surge, ensejando conflitos, questionamentos, e nos encontramos em uma verdadeira encruzilhada, convidando-nos à decisão, ou sentarmos a pensar, rever objetivos e metas. Por vezes não refletimos e deparamo-nos com erosões, essas corrosões naturais ou provocadas por nós mesmos ( e por outros) durante o caminhar, como consequência de atitudes impulsivas, distraídas ou da ação nefastas de mentes em desalinho.
Há caminhos que nos conduzem a pantanais perigosos, onde nos deixamos levar por comodismo, fraqueza, vícios, conflitos. 
Outros que nos afastam de pessoas e coisas que amamos, ou as afastam de nós. De perigos, de sonhos e pesadelos.
Há caminhos que servem para a reflexão, o refazimento e depois tomamos novo rumo;
Há caminhos ocultos que percorremos e esses mesmos que pessoas de nosso convívio percorrem, sem que o saibamos.
Há o caminho da vitória pessoal, e esse é nosso, intransferível.
Qual via devo seguir ?
Um caminho dá ideia de saída, mas para onde leva ? É preciso traçar um roteiro , organizar-se.
Quando certos de nossa meta, vencemos passo a passo as surpresas que surgem.
A carta 22 traz esse simbolismo de transição ou estagnação, pois posso andar ou sentar, vislumbrando as diversas opções ao meu redor. É a busca ou dispersão por algo que nos ilude, encanta.
Tudo depende de nós. Mas como fazer ?
Conhecer o lugar e então definir que rumo tomar.
Onde estão os caminhos que vislumbramos ?. 
Em um jogo, analisar : qual o lugar (contexto) ?
Observar as cartas que indicam o meio onde tudo se apresenta. 
Há uma escolha, um fim ou um começo, um fato, um alguém que toma um rumo. Uma saída ou bloqueio que nos  pede retornar e recomeçar ( a famosa expressão “estou em um beco sem saída”).



Na Escola Brasileira é uma carta que se apresenta sob influência do Orixá Ogun, rei de Irê, senhor da guerra,  do ferro, que sempre aventurou-se desbravando lugares. Rege todos os caminhos, que domina juntamente  com Exu, regente das encruzilhadas, o encontro de vários caminhos. À Ogun recorremos na guerra, na indecisão, pedindo proteção na caminhada.


Caminhos que se apresentam novos, caminhos que percorremos, sejam quais forem, diante de perdas e ganhos, nos levando à nossa meta existencial .
Caminhemos portanto!